Thiago Zoroastro*
A Democracia Participativa
Dizem que a palavra Democracia tem origem no pensador grego Demócrito, um pré-socrático discípulo de Leucipo. Eles foram os primeiros a falar do atomismo. Atomismo é "a constituição das coisas por infinitas pedrinhas indivisíveis". A Democracia, no sentido "organização social", é o conjunto de indivíduos que participam da constituição do Todo. Indivíduo/Indivisível é portanto a sua representação pessoal submersa a todos os outros, e cada um ajudando e constituindo, pois afinal nessa teoria, Idealmente falando, não se pode ser uma célula nula, mas uma célula ativa e atuante no tecido social e na discussão em torno das leis que regem a sua sociedade.
No entanto, nem todos se interessam em participar de tais questões políticas. Fazer política é participar dessas discussões em torno das convenções sociais (ou de um grupo num lugar determinado, como aqui na UFSJ), e mesmo que seja o dever de cada um atuar e movimentar, é claro que a área de muitos são outras e portanto não tem que ser obrigatório participar das discussões da polis, embora seja interessante acompanhar, ou nem isso.
O problema de eleger representantes é que se cria patamares na pirâmide de importância social. E quando se tem níveis verticais de importância de um indivíduo, como é a obsoleta (operacionalmente falando) democracia representativa brasileira, você dá a liberdade para algum indivíduo (que às vezes torna-se político corrupto e de interesses pessoais) atuar no patamar de cima sem ligar a mínima para as suas necessidades e reivindicações. Eleger políticos no Brasil também é o risco de dar o poder para certos políticos que não tem o mínimo conhecimento de leis, necessidades básicas e qualquer outro tipo de problema social a se resolver. Alguns políticos, morando em casas longe dos problemas sociais, nem são cientes do que se deve melhorar.
Por isso que é importante haver um órgão político na universidade, de pessoas que exerçam o poder político nivelado horizontalmente e que cada um tenha a sua importância fundamental, se assim o quiser exercer. Afinal, há a liberdade de exercer ou não. E mesmo que 95% não exerça tal função (pois pelo contrário a CEB deveria ser no pátio do campus), é mais justo e democrático que esses 5% sejam partículas ativas do que eleger 12 ou 15 pessoas ou sei lá quantos pouquíssimos vetores para agir no topo da pirâmide.
Afinal, entidades de base é um modo de manter o Estado extendido operacionalmente a todos os lugares, até aos longínquos. A necessidade de participação em Assembléias e Conselhos de Entidades de Base deverá se tornar uma cultura, e a sociedade ficará menos hierarquizada, sem no entanto haver corrompimento da organização necessária do Estado. O que estará em jogo é a mobilidade que cada um tem de ter para fazer pela sociedade, que trata do modo de organização de indivíduos, que compreendem uma Ecopolítica que engloba as necessidades de se discutir onde e como agir coletivamente.
Sejam críticos e construam pontos de vista sobre o texto de maneira que concordem e discordem sobre diversos aspectos, pois só pelo conhecimento coletivo é que um saber será democrático.
*Estudante do curso de filosofia
Universidade Federal de São João del-Rei
http://thiago-zoroastro.blogspot.com/
ótimo o texto Zorô
ResponderExcluirvc uniu e sistematizou diversas coisas que estamos discutindo há um tempo só em um texto simples e sem embromação
direto no ponto, esse texto é importante ser até mais divulgado do que só aqui, pq ele exemplifica e explica claramente qual é o posicionamento politico do DCE.
abraços
Caro, Thiago.. Muito bom o teu texto! Na real. A definição está bem precisa e as ponderações, mais que apropriadas. No terceiro parágrafo, você acerta em cheio ao dizer que o atual sistema está obsoleto. Conheces bem a diferença entre Democracia Representativa e a Democracia Direta? Se não, sugiro pesquisar um pouco mais a este respeito, já dando como gancho este excelente texto-crítica: "Uma questão básica da reforma política brasileira - Do voto distrital> http://bit.ly/qb4pvU
ResponderExcluirSeguindo, no penúltimo parágrafo você fala da importância da participação em Assembléias e Conselhos de Base, a fim de que o Estado opere de modo estendido. Neste particular, sugiro-to um vídeo "super bala" (que talvez vc já conheça) mas que é uma verdadeira aula nesse sentido! O entrevistado, garantidamente você há de reconhecer: "Sim, o Neoliberalismo é um ataque aberto á Democracia"> http://bit.ly/qG1R2i
Para finalizar minha "crítica" do teu texto, proponho uma terceira referência que sem dúvida há de encorpar tanto a tua visão quanto os vossos debates por aí. "O Direito de Revogação dos Mandatos Políticos" - de um nosso amigo do Direito, cuja tese, inclusive, já foi transformada numa PEC em vias de análise> http://bit.ly/hab0Ys
Então é isso! Certamente que irei estender esse teu texto pelo seu alto valor contributivo para todos nós. Forte Abraço, LJ.