André Luan Nunes Macedo
São João del-Rei, 25 de abril de 2011
O que está em jogo é a democracia entre os estudantes, o Diretório Central dos Estudantes organizado enquanto Conselho de Entidades de Base. Para o Reitor, trata-se de calar qualquer questionamento, qualquer debate nos Conselhos Superiores. Depois de tentar, ano passado, fazer os Centros e Diretórios Acadêmicos enviarem para o Conselho Universitário um representante que assumisse passivamente seus posicionamentos, e de obter no Conselho o apoio de somente duas dessas entidades de base, ele resolveu tirar esse poder dessas organizações, que são as únicas realmente estudantis. Para seus aliados trata-se de retomar o controle do Diretório Central dos Estudantes, colocando fim ao poder dos Centros Acadêmicos e submetendo-o ao poder partidário.
Contudo, quem não tem a razão usa o subterfúgio de desviar o assunto, de tentar esconde-lo criando boatos, como foi feito durante as últimas semanas. Os súditos da reitoria soltaram o boato que minha mãe, professora do Departamento de Educação e Coordenadora do Mestrado em Educação da UFSJ, Maria do Socorro Alencar Nunes Macedo, seria uma candidata à reitoria em 2012. Acusam-me de utilizar ou vir a utilizar do cargo de representante do DCE UFSJ no Conselho Universitário para auxiliá-la nesta hipotética caminhada.
A boataria praticada nos corredores é irresponsável e agressiva, pois nos coloca direta ou indiretamente na posição de massa de manobra, esquecendo o que já fizemos academicamente e autonomamente na instituição, sem a necessidade de aprovação de familiar ou professor algum. Para quem não me conhece, sou André Luan Nunes Macedo. Sou graduando do sétimo período do curso de História. Em minha graduação consegui consolidar um projeto de iniciação científica e três artigos relacionados ao campo do ensino de história, sendo um deles aprovado em um Congresso de Educação em Cuba. Além de minhas publicações acadêmicas, me aventurei em produzir um livro, intitulado “Política Universitária: debate” junto ao camarada Mauro Assis, resultado de nossa militância tanto no DCE UFSJ quanto em outros fóruns de atuação. Atualmente estou como representante discente do Conselho Universitário, eleito pelos Centros Acadêmicos no Conselho de Entidades de Base do DCE UFSJ em 2010.
Tenho agora que dar explicações à comunidade acadêmica sobre algo tão infantil como ser filho de minha mãe. Tenho que retornar a dar explicações sobre a minha filiação ao Partido Comunista, como se nunca o tivesse feito. Cabe lembrar que antes de ser escolhido para representante no CONSU, já havia deixado claro que a reitoria poderia se utilizar desta identidade para tentar deslegitimar o movimento estudantil e o poder dos Centros Acadêmicos. Estamos em 2011 e dito e feito: a reitoria acusa o Partido Comunista de aparelhar o DCE UFSJ. Tenho também que dar explicações sobre minha participação em coletivos que buscam a democracia e a autonomia na UFSJ. Por todos esses motivos questionamos: Quando utilizamos de nossa representação de forma a confirmar as acusações feitas pelos mandatários da atual administração? Quando foi que utilizei do CONSU para promover minha mãe? Em que momento utilizei meu cargo em favor do Partido Comunista? Quando falei no CONSU sobre o Movimento UFSJ Autônoma e Democrática?
Contudo, o verdadeiro alvo dos boatos indicados é o movimento estudantil. Uma das principais munições que o adversário tem tido na luta contra os estudantes é associar a minha vida privada com as decisões do DCE UFSJ. Sabemos que essa calúnia reproduzida nos cochichos dos corredores não representa as bandeiras de luta defendidas autonomamente pelo DCE UFSJ. Personalizar o movimento estudantil tem sido uma ferramenta de desgaste da reitoria e seus lacaios neste terreno de batalha. Afinal de contas, dizer que somos capazes de manipular e controlar boiadas estudantis sem consciência alguma é mais fácil que reconhecer o espaço legítimo, democrático e unicamente crítico que o DCE UFSJ tem oferecido para nós estudantes e à comunidade acadêmica em geral.
A luta pela democratização da universidade tem como pólo de resistência o DCE UFSJ. O DCE é o único espaço que encontramos onde podemos compartilhar nossas críticas às práticas atrasadas da democracia liberal. Por não haver outros espaços públicos de discussão, muitas vezes o DCE assume o estereótipo mitológico da “oposição sistemática”. Ao contrário disso, o DCE tem assumido bandeiras que buscam sua independência e autonomia, sempre respeitou a liberdade de opinião e de idéias. Suas bandeiras pela democratização do movimento estudantil e da universidade foram os grandes elementos que me atraíram para que participasse dos seus fóruns logo quando entrei na universidade em 2008. Exemplo disso foi o seu posicionamento em relação às eleições da atual reitoria em 2008, quando não apoiou a candidatura do professor Helvécio e exigiu um debate público mais democrático na comunidade universitária.
São pelos princípios democráticos que regem a prática militante e transformadora que o DCE UFSJ nos ensinou nos últimos três anos, e para superar as novelinhas, que renunciaremos nosso cargo de representante discente no Conselho Universitário bem antes das eleições para a reitoria em 2012, logo quando o DCE puder nos substituir, o que agora é impedido pelas mãos de ferro de nosso reitor e seus mandatários. Nossa disposição de deixar o CONSU desmente por completo a boataria adversária, mostrando que suas concepções são construídas como um castelo de cartas: basta um vento de verdade para que todas caiam por terra.
O nosso papel militante no Conselho Universitário possui data: quando conquistarmos a vitória próxima do DCE UFSJ, seja na política ou na justiça comum. Entendemos a razão pela qual assumimos a representação discente em 2010, pois representávamos a autonomia do movimento estudantil em contraposição ao autoritarismo e à coerção ditatorial imposta por essa administração. Hoje vemos que somos utilizados como uma arma pela reitoria para deslegitimar o DCE UFSJ, que poderá, quando o reitor não impedir, me substituir com facilidade, pois tem formado grandes intelectuais orgânicos na luta pela democracia participativa em nossa sociedade.
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