Por Filipe Rodrigues*
A cidade de São João Del Rei - MG amanheceu se perguntando: Até onde vai essa covardia? A pergunta veio dos movimentos sociais, associações de bairro, partidos políticos e entidades de setores organizados da sociedade local que integram a Assembléia Popular do Campo das Vertentes. O questionamento está relacionado à decisão sobre a renovação da concessão do transporte público que pretende entregar o serviço ao monopólio por quinze anos, como se não bastassem, prorrogáveis por mais quinze. Caricatura da democracia envolvida neste processo, a importante decisão para o município foi marcada logo na sexta-feira (11) pós-carnaval.
A população não estava avisada, os funcionários da prefeitura sabiam “mais ou menos” e nada foi colocado no site da prefeitura de São João Del Rei e tampouco em outros meios de comunicação locais em horários de audiência relevante. Agrava que o atual presidente da Câmara dos vereadores (instância importante da decisão) Mauro da “Presidente” possui estreita ligação com a atual empresa responsável pelo transporte, vide o sobrenome político que por desventura é o nome da atual e favorita da disputa. Em se tratando de “responsabilidade” com os usuários do transporte e a democracia exercida na “casa do povo” talvez o termo mais adequado fosse descaso. Então perguntamos:
Até onde vai essa covardia?
O edital não prevê a continuidade do meio passe para os estudantes, haja vista que em processos de renovação anteriores foi retirado o passe livre. O preço da passagem está a R$1,80 - a ligação entre bairros não funciona e o campus da Universidade Federal de São João Del Rei (Campus Tancredo Neves – CTAN) mais afastado do centro da cidade não tem linhas eficientes. Além do mais, a decisão sobre o aumento da passagem não está clara ou relacionada a algum índice, dando grande poder de reajuste a um monopólio. Já nos dias de hoje a relação do quanto se anda e o quanto se paga nos parece excessivamente desproporcional.
Mais trinta anos? A população foi consultada pelos/as militantes da Assembléia Popular do Campo das Vertentes. Notório o fato de não se conseguir encontrar sequer um cidadão ou uma cidadã no centro da cidade, onde durante quatro horas foram distribuídos cerca de mil panfletos, que soubesse de tal concessão e tampouco os termos desta. Muito receptiva, na grande maioria das vezes o povo se entregava a uma boa conversa e diziam que estão decepcionados há tempos com a empresa atual. Animados com este corpo a corpo, por vezes esquecido, lembravam-se de importantes processos de mudanças pela organização popular inspirados em momentos históricos de peso como as Diretas Já e o atual Levante Popular da Líbia.
A caminhada continua e a unidade da ação de importantes Partidos políticos com a população organizada em São João Del Rei oferece oportunidades valiosas para a cidade se tornar um lugar melhor para se viver. Neste dia simbólico, aumentaram nossos contatos, agregando força, e em breve a significativa história da cidade e região terá novos capítulos escritos pelas mãos do povo que há de se levantar contra tais covardias.
São João Del Rei, 11 de março de 2011
* Filipe Rodrigues é 1° Secretário do Diretório Central dos Estudantes da UFSJ e militante da Consulta Popular.
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